POR QUE E COMO CHECAR IMAGENS FALSAS (PARTE 1):
um guia breve e intuitivo para sobrevivência visual na web
Gabriel Teixeira
Bibliotecário e Mestrando em Ciência da Informação
IBICT/ECO-UFRJ
As fake news têm atuado como importantes agentes para desinformação e gerado consequências drásticas em toda a sociedade. Elas têm ainda mais força quando seu conteúdo é ilustrado por uma imagem que reforça sua narrativa falsa. No solo fértil das mídias sociais digitais, seu alcance é absurdo e não deve ser subestimado, muito menos o impacto que provocarão. Este post apresenta rapidamente um dos conceitos de desinformação e se preocupa em evidenciar a atuação das fake news agem e como combatê-las pela checagem de imagens com ferramentas/recursos disponíveis na web.
Basicamente, o conceito de desinformação aponta para qualquer conteúdo, independente do suporte que o contenha e onde ele seja disseminado, que possua informações falsas ou distorcidas/descontextualizadas no sentido de enganar e equivocar os indivíduos (VOLKOFF, 2004; FALLIS, 2015). Fallis (2015) faz uma distinção entre disinformation e misinformation. No primeiro caso, a desinformação é construída de modo intencional e objetiva a ação de sua concepção, desinformar. No segundo caso, ocorre pela falta de percepção no indivíduo em contato com o conteúdo falso, que sem perceber acaba por replicá-lo.
Nos últimos anos iniciativas de verificação/ checagem de conteúdos ganharam força e se tornaram imprescindíveis ao combate às fakes news. Algumas dessa iniciativas estão ligadas a agências jornalísticas e com certificação internacional. Para conhecimento, seguem algumas iniciativas e seus respectivos perfis no Twitter, conhecidas como fact-checking (checagem de fatos): Agência Lupa (precursora no Brasil) [@agencialupa], Truco [@truco], Aos Fatos [@aosfatos], Chequeado (Argentina) [@chequeado], os links para os portais estão ao final. Assim, Zattar (2017) chama atenção para a importância de verificar/checar não só o conteúdo como as próprias as fontes de informação rotineiramente utilizadas pelos indivíduos no dia-a-dia da internet.
Um exemplo de fake news foi a campanha orquestrada pela extrema direita brasileira após assassinato da vereadora e humanista Marielle Franco, crime não elucidado há mais de um ano. Poucos dias após o violento crime, uma das várias fake news que surgiram associavam Marielle ao tráfico de drogas ilegais alegando ser ela ex-mulher do criminoso Marcinho VP. A imagem de um casal, que nitidamente não eram Marielle e nem Marcinho VP (é importante ressaltar que não havia nenhuma ligação entre os dois), circulou na rede ilustrando a notícia falsa. Quem fez a checagem dessa notícia falsa foi a agência Aos fatos, você pode conferir clicando aqui.
Para não serem enganadas, as pessoas devem sempre verificar/checar os conteúdos de notícias que circulam pela rede. Verificar/checar as imagens que os acompanham é mais necessário ainda. Inspirado no curso sobre como checar imagens falsas na web oferecido pela Agência Lupa, compartilho aqui o passo a passo de uso das seguintes ferramentas: Google Imagens, Bing Imagens, TinEye e Visual Ping.
GOOGLE IMAGENS
Fonte: Reprodução Google Imagens (2019).
Após isso, deve-se clicar no ícone da câmera na barra de busca localizada no canto superior esquerdo, conforme a reprodução abaixo.
Fonte: Reprodução Google Imagens (2019).
Depois disso, surgirá uma caixa “Pesquisa por imagem” com duas opções: colar URL da imagem e enviar uma imagem. A segunda opção envia uma imagem específica em arquivo salvo no computador ou telefone.
Fonte: Reprodução Google Imagens (2019).
BING IMAGENS
Similar ao Google, o Bing, outro buscador da web, também possui ferramentas para refinar a busca. O Bing Imagens oferece os mesmo recursos do Google Imagens, porém acrescenta uma particularidade à pesquisa: a busca por um recorte específico selecionado da imagem, ampliando os detalhes. Esse recurso possibilita descobrir a partir de qual imagem original surgiu a imagem manipulada/editada. Como acontece? Primeiro é preciso direcionar-se à página inicial do Bing:
Deve-se clicar na ícone da câmera na barra de busca localizada no canto superior esquerdo, conforme a reprodução abaixo.
Fonte: Reprodução Bing Imagens (2019).
Em seguida, surgirá uma caixa “Experimente a Pesquisa Visual” com três opções: a primeira é a opção de procurar um arquivo salvo no desktop do dispositivo, a segunda é a de colar uma imagem à sua URL e por fim o Bing oferece a opção de tirar um foto (para isso é preciso habilitar a câmera do dispositivo).
Logo no resultado, a imagem inserida aparece em destaque no lado esquerdo e abaixo dela um botão com o ícone de recorte com o título “Pesquisa visual”. Essa funcionalidade serve para selecionar a parte da imagens a qual pretende-se recuperar a informação, e assim permitir buscar a foto original e, também a fonte que serviu de fundo para montagem. Abaixo o exemplo de uma imagem falsa (montagem) com uma parte selecionada (é possível observar o botão citado logo em baixo) e ao lado a notícia verdadeira sobre o ocorrido.
O Bing também organiza por categorias de resultados direcionando melhor a pesquisa.
TINEYE
Fonte: Reprodução TinEye (2019).
Em seguida, é preciso clicar no botão de upload localizado do lado esquerdo da barra de busca centralizada na tela.
Fonte: Reprodução TinEye (2019).
Feito isso o resultado aparece imediatamente. A data do primeiro upload da imagem na rede aparece ao lado direito da mesma e depois as demais imagens em ordem cronológica de postagem (da data inicial para as mais recentes).
VISUAL PING
Fonte: Reprodução Visual Ping (2019).
O próximo passo é colar o endereço (HTTP) do site que se deseja descobrir as informações na caixa de pesquisa localizada no centro da página e clicar em “Go”, conforme o exemplo abaixo.
Fonte: Reprodução Visual Ping (2019).
Feito isso, surgirá a imagem referente à busca realizada. Ao redor dela aparecerá um recorte ajustável para que seja possível selecionar a parte que se deseja obter os resultados.
Fonte: Reprodução Visual Ping (2019).
O conhecimento de tais ferramentas e sua aplicabilidade no cotidiano da web (na qual passamos várias horas, seja por entretenimento, por informação, por trabalho, ou tudo isso) é muito importante. Estes sites funcionam como poderosos aliados no combate às notícias falsas e às desastrosas consequências que elas podem trazer. Na próxima parte deste artigo serão apresentadas as ferramentas: Way Back Machine, TweetDeck e Versionista.
LINKS IMPORTANTES
Bing imagens: https://www.bing.com/?scope=images&FORM=Z9LH1
TinEye: https://www.tineye.com/
Visual Ping: https://visualping.io/
Agência Lupa: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/
Truco: https://apublica.org/tag/truco/
Aos Fatos: https://aosfatos.org/
Chequeado: https://chequeado.com
REFERÊNCIAS
FALLIS, D. What is disinformation?. Library Trends, v. 63, n. 3, 2015.ZATTAR, M. Competência em informação e desinformação: critérios de avaliação do conteúdo das fontes de informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 285-293, nov. 2017.
VOLKOFF, V. Pequena história da desinformação: do cavalo de Tróia à internet. Curitiba: Ed. Vila do Príncipe, 2004.
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